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Para esquecer a dor devo sair do meu corpo?
Sim, sair desse corpo que sempre foge da dor.
Faço uma passagem, reencarno sem limites.
Saio e volto, para o mesmo corpo, várias vezes,
sempre diferente.
Um corpo já transmutado: em cicatrizes, cortes,
escamas e perfurações..
Mas nem pense que escarificar é a pior dor.
A pior dor é a de quem vive a escarificar a alma.
Por isso, a minha metamorfose está longe de ser
kafkaniana.
É uma dor que me ergue, emancipa a minha luta,
fortalece minhas conquistas.
É onde meu corpo se transforma numa cruz gamada.
A dor em si sendo mística: a minha própria suástica
em um corpo fortemente frágil.
modelo Thiago Soares
fotos João Maciel & Rafael Medina
direção criativa Rafael Medina
texto Átila Moreno